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Projeto inovador na UFG promove e discute a acessibilidade na internet

Por Humberto Lidio. Em 20/06/11 00:18.
Desde maio, está disponível na web um site que objetiva promover e discutir a acessibilidade na internet de acordo com diretrizes oficiais do consórcio regulamentador da rede, o W3C. Funciona como uma rede social para receber experiências práticas e comentários gerais de desenvolvedores.

Desde maio desse ano está disponível na web um site que objetiva promover e discutir a acessibilidade na internet de acordo com diretrizes oficiais do consórcio regulamentador da rede, o W3C. O site é conhecido como AccessibilityUtil e pode ser acessado em www.accessibilityutil.com, funcionando como sendo uma rede social para receber experiências práticas e comentários gerais de desenvolvedores.

A ideia surgiu a partir das pesquisas do trabalho de doutorado em ciência da computação do professor Thiago Jabur Bittar, pela USP São Carlos e como docente do campus da UFG de Catalão. A motivação foi ver que, apesar de inúmeras recomendações e diretrizes existirem, na prática pouco se tem feito para que os sites estejam adequados ao acesso de deficientes dos mais variados tipos. “Observamos que as diretrizes oficiais ficam muito distantes ao universo do programador, sendo que esses acham difícil aplicá-las. Muitos também nem sabem da problemática e que existem as diretrizes!”, argumenta o professor.

O projeto foi resultado do trabalho de 4 meses e contou com apoio de sua orientadora professora Renata Pontin (USP) e do mestrando Leandro Amaral (USP). Já no primeiro mês de uso foram registrados 116 casos de emprego de técnicas de acessibilidade, 44 imagens como ilustração e 35 comentários nesses casos reportados. O uso do site é totalmente gratuito e caso o usuário queira contribuir com informações é requisitado um pequeno cadastro.

Bittar ainda explica que “a idéia não é reinventar técnicas de apoio à acessibilidade, e sim relacionar casos e comentários de uso aos desenvolvedores com as diretrizes já existentes, organizando e difundido-as com exemplos de aplicação”. Com a possibilidade de inserção de comentários, fica mais interessante ainda a colaboração para que a acessibilidade possa ser alvo maior de discussão.

O projeto está disponível também no idioma inglês, sendo que os participantes são motivados a escrever em duas línguas suas considerações, isso para trazer maior abrangência ao site e difundir mais o conteúdo ali inserido. As diretrizes que o site aborda são conhecidas como “Web Content Accessibility Guidelines (WCAG) 2.0”, disponibilizadas desde 2008, inclusive com tradução para o português.

A acessibilidade na web é uma questão que deve estar em evidência para permitir que todos tenham acesso aos recursos oferecidos on-line. Por exemplo, se um site for desenvolvido com boas práticas de acessibilidade, pessoas com deficiência visual poderão usar leitores de tela e teclado para acessarem o mesmo. Outro ponto a se considerar é que o envelhecimento da população é um fato e os conteúdos devem ser feitos de modo a permitir a interação com essa faixa de população, que pode apresentar dificuldades motoras para uso do mouse ou com deficiência parcial da visão, por exemplo. De acordo com o professor, links muito próximos, barras de rolagem e letras pequenas, fixas em sites, são empecilhos para idosos.

Os comentários feitos até o momento são um bom resultado do trabalho. Por exemplo, um participante escreveu sobre o problema dos CAPTCHA, imagens colocadas na web para testar se o usuário é humano, mas que pode trazer vários problemas de acessibilidade: “Completamente revoltante a utilização de um sistema desses para confirmação de identidade de uma pessoa, muito ruim para todos os tipos de pessoas. A solução seria bem simples, colocar botões para a pessoa responder perguntas”. Tal comentário, de acordo com o usuário, vai de encontro à diretriz oficial “Nível de Leitura”, de código 3.1.5.

O aluno de Ciência da Computação, Charlliston Adrianni, relata que o uso do site auxilia na compreensão e uso das diretrizes oficiais e da importância do tema acessibilidade. “Na universidade somos instruídos a desenvolver aplicações ricas para web, mas dificilmente o tema da acessibilidade é abordado. O site apresenta, a cada escolha de diretriz, sua explicação antes de inserirmos uma experiência ou comentário”, relata o aluno.

Fonte: Departamento de Ciência da Computação